domingo, 25 de dezembro de 2011

Minha GRANDE família.



Lembro-me de certa manhã em que conversava com meus primos e eles ridicularizavam-me sobre os meus gostos, chegaram a me xingar por isso, todos riam, "vai virar mulherzinha na cadeia", dizia um. Eu tinha uns doze anos. Era meu estupro diário, eu tinha que aguentar e fazer o possível para agradar os estupradores. Eu deveria me inspirar neles, eram meus GRANDES primos. Então mudava de posição e me juntava a eles, eu não tinha meu gosto, ora achava que tinha, mas era os gostos dele.

Um outro momento eu e meu primo brigávamos, sempre discutíamos, era comum essas brigas, o problema não foi a briga. O problema foi depois. Quando eu relatei o ocorrido ao meu pai, ele disse: "Aja como homem, vá lá e bata nele". Eu não lembro se eu agi como homem, ou se agi como uma mulher e me escondi. Este era meu exemplo de pai. Era meu GRANDE pai.

Então, no último natal, estávamos, em uma roda de família, conversando. Toda a minha família, que sempre tratou muito mal os outros, a mim, não sei porquê, tratou bem. Não disseram nenhuma palavra grosseira, me respeitavam. A conversa continuou. Até que eles disseram: "Eu odeio esse tipo de pessoa". Minha irmã também se manifestou contra esse tipo de pessoa. Eu era exatamente esse tipo de pessoa. Eles não sabiam. Desconheciam essa parte de mim. Se falasse alguma coisa sobre isso no momento, ficaríamos em uma péssima situação. E eles teriam que me pedir desculpas. Para não embaraçar ninguém, ouvi e saí após algum tempo. Pensei que não haveria próximas vezes. Dispenso qualquer convite. Não tenho misericórdia, não posso gostar de quem me ofende.

Também dispenso todo tipo de amor. Uma vez me disseram: "Família é aquela que vai te amar sempre". Amaram sempre a projeção de mim.

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