sexta-feira, 14 de junho de 2013

Daquele que resolveu fingir àqueles cidadãos de bem.

Fiz minha sentença.
Tudo estará bem com uma nova máscara.
Serei racista como vocês.
E tudo estará bem com uma nova vida.

Não haverá mais discordâncias.
O gosto amargo da subserviência
soará doce na boca.
E a sua boca sentirá o doce também,
até o dia em que eu me for,
neste dia, só tédio de gosto,
só a ausência de sabor.

Não existiram defesas em mim,
Advogado do diabo.
O diabo está em mim.
Com mais uma carreira de cocaína.
E uma carreira de menos vida.
Porque minha vida é o que acontecerá depois de vocês.
O que eu vivo até aqui é servidão.
É lamurio, é soco, é efusão.
Vida é o que há depois.

Hoje, para ser um pouco mais fingido, gosto de vocês.
Dessa amizade forte.
Dos ideais contíguos.
Do racismo amigo.
Da homofobia caridosa.
Da obediência necessária.
Da negligência corrupta.
Do pedantismo segregador.
Da apatia excludente.

Preso em tantos sensos comuns,
tive de ser comum também.

Então, fiz minha sentença.
Tudo estará bem com uma nova máscara.
Serei racista como vocês.
E tudo estará bem em outras vidas.
Estarão livres de mim, e eu, de vocês, também.



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