sexta-feira, 14 de junho de 2013

Apaixoárvore.

Quando enegrecem as nuvens, o orgasmo escorre.
Ao chover lento, são os beijos que aguam as flores.
Então, as árvores vivem...

A do conhecimento gera bananas,
gera maçãs, gera lábios vermelhos.
Aquele homem come lábios vermelhos.
come, também, bananas.
Por vezes, é a banana quem come.
Alimento-me da Árvore, sei bem como é.

Alimento-me tanto que me apaixonei por uma.
Era de maçã.
Não havia quem mandar sobre aquela árvore.
Diziam que alguma espécie divina a possuía.
Era tolice. Se alguém a tivesse, seria eu.
Sabia eu que outros homens saboreavam daquela árvore.
Sabia, igualmente, que só meu paladar a satisfazia.
Não pedi compromisso a dois.
Ela podia ser comida por qualquer um.
Eu comê-la-ia.
E, enfim, fiz.
Comi-a na terça, na quarta, na quinta.
Na sexta, ela disse:
"Apaixonada estou, ninguém até hoje me comera tão bem"
"Posso dizer-te o mesmo, tu foste a mais saborosa que minha boca sentira."
Ela ficou envergonhada com tanto amor.
Vergonha tanta, que rosas, gérberas e lírios surgiram.
"Desculpa-me estas flores, quando feliz, floresço."
Eu enlouqueci.
Minhas pernas enrosquei nela,
e ela enfiou as suas raízes em mim.

Ela, fixada em mim, ovulou.
Eu, penetrado nela, floresci.

Foi um amor efêmero. Destes que vivem em um derradeiro suspiro. Não sei se o amor se perdeu ou se ainda existe. Ainda a gosto. No sábado, voltei a procurá-la, todavia ela não estava lá. Disseram que foi atrás dos seus sonhos, e que foi a única capaz de serrar a si mesma para ter um pouco de liberdade, e que corria, e corria feliz dizendo "ah, felicidade..., de agora em diante só perante a felicidade..." e repetia como um mantra sonoro que ecoava por toda a natureza aquele resquício de amor que a fez tão intensamente feliz e que a tornara liberta.



Sei, agora, que são árvores das folhas mais delicadas que transpiram.



E são os amores menos lúcidos que florescem.

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